Na última quinta-feira (31), o Ministério das Relações Exteriores (MRE) anunciou a assinatura de um memorando de entendimento entre o Brasil e o governo australiano sobre a emissão de vistos de trabalho e férias (conhecido como Work and Holiday) para estudantes brasileiros que fazem ou pretendem fazer intercâmbio no país.

A partir de 1.º de julho de 2022, o acordo vai permitir que, a cada ano, até 500 jovens brasileiros com idades entre 18 e 30 anos permaneçam na Austrália para férias de 12 meses, durante as quais podem trabalhar e participar de cursos de curta duração.

Foi assinado, em 31/3, acordo entre o Brasil e a Austrália sobre Vistos de Trabalho e Férias. A partir de 1/7/2022, o acordo permitirá que, anualmente, 500 jovens brasileiros entre 18 e 30 anos passem até um ano na Austrália, onde poderão estudar e trabalhar. 🇧🇷🇦🇺 pic.twitter.com/OaT8nVHSF4

— Itamaraty Brasil 🇧🇷 (@ItamaratyGovBr) April 1, 2022

Atualmente, para que um brasileiro trabalhe ou estude na Austrália, é necessário ter vínculo prévio com o empregador ou com uma instituição de ensino. Os brasileiros são o oitavo maior contingente de estudantes estrangeiros na Austrália, com cerca de nove mil alunos, de acordo com o Itamaraty. O Brasil também mantém acordos similares com a Alemanha, França e Nova Zelândia.

O ministro de Imigração, Cidadania, Serviços de Migrantes e Assuntos Multiculturais, Alex Hawke, disse que o acordo de vistos é um passo importante para fortalecer a relação positiva entre Austrália e Brasil, com os brasileiros formando o maior grupo de imigrantes na Austrália da América Latina.


Sydney (Dan Freeman/Unsplash)

Histórico do acordo

A Austrália registrou um rápido crescimento no número de imigrantes brasileiros nos últimos 20 anos. Em 2018, a estimativa era de que o país tinha 46.450 residentes nascidos no Brasil — um aumento de mais de 800% desde 2001. Mesmo antes da pandemia de covid-19, o Brasil já era a maior fonte de estudantes internacionais na Austrália fora da Ásia e a quinta maior do mundo.

“O novo acordo apoiará os vínculos científicos, de pesquisa, educação, econômicos e institucionais em rápido crescimento entre a Austrália e o Brasil”, explicou Hawke. A assinatura do “MOU Work and Holiday Maker” é baseada na recente ratificação do Acordo de Ciência, Pesquisa e Tecnologia Austrália-Brasil. Desde 2018, foram mais de 9.000 publicações de pesquisas conjuntas entre os dois países.

“Impulsionar nosso programa Work and Holiday também fornecerá um apoio considerável às principais indústrias e comunidades regionais como parte dos esforços focados em nossa recuperação econômica”, enfatizou o ministro. “Os turistas que trabalham em férias geralmente ficam mais tempo, gastam mais dinheiro na Austrália e viajam mais para áreas regionais do que a maioria dos outros visitantes internacionais”, completou.

Em fevereiro, o governo australiano já havia anunciado R$ 37 milhões em incentivos para intercâmbios, com o objetivo de atrair novos estudantes internacionais, alinhando oportunidades educacionais com a escassez de habilidades identificadas no país, e, assim, promover a recuperação econômica do país pós-pandemia.

Ainda segundo Hawke, antes da pandemia os turistas que trabalhavam e viajavam pela Austrália injetavam, anualmente, cerca de US$ 3 bilhões na economia do país, a maioria desse valor era gasto em áreas regionais.

Quem se beneficia com essa medida?

Essa categoria de visto que o acordo entre os governos brasileiro e australiano facilitou a emissão é a relativa à modalidade “Work and Travel”, uma forma de intercâmbio que não é muito difundido no Brasil. Clique aqui para conhecer como funciona e quais são as principais vantagens de escolher esse tipo de oportunidade internacional.