Desde o último domingo (12), o governo dos Estados Unidos não está mais exigindo a apresentação de um teste de covid-19 para os viajantes internacionais, independente da cidadania. A remoção da obrigatoriedade foi aprovada em uma ordem do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês).

A regra, implementada pelo governo Trump no início de 2021 e posteriormente reforçada pelo governo Biden, exigia que os viajantes de entrada com mais de 2 anos de idade, incluindo cidadãos estadunidenses, apresentassem um teste negativo um dia antes de embarcar em voos com destino aos Estados Unidos. Os viajantes que entrassem nos EUA por fronteiras terrestres estavam isentos.

No entanto, apesar da liberação, o CDC continua exigindo que os estrangeiros comprovem que foram totalmente vacinados. A agência também recomenda — porém, não exige mais — que todos os viajantes que embarcarem em voos para os Estados Unidos sejam testados para covid no máximo três dias antes de suas partidas e que não viajem se estiverem doentes. 

Além disso, o Centro também informou que continuará monitorando a situação e reavaliará a decisão em 90 dias. Nesse caso, as autoridades prestarão atenção às taxas nacionais de infecção, bem como ao surgimento de novas variantes ao fazer a reconsideração.


Prédio do CDC em Atlanta, na Geórgia (David Goldman/AP)

Pressão da indústria de turismo e viagens

Companhias aéreas e outras empresas do setor de viagens fizeram forte pressão para que o governo norte-americano abandonasse a exigência, argumentando que estava prejudicando a demanda por viagens internacionais. O setor de turismo foi um dos mais atingidos pela pandemia.

O CEO da American Airlines, Robert Isom, disse em uma conferência do setor na semana passada que se reuniu com políticos em Washington, D.C., para discutir a exigência de testes, uma regra que ele chamou de “sem sentido”. “Estamos realmente frustrados”, disse ele.

“O governo Biden deve ser elogiado por esta ação, que receberá visitantes de todo o mundo e acelerará a recuperação da indústria de viagens dos EUA”, disse Roger Dow, presidente da U.S. Travel Association, em um comunicado. “As viagens internacionais são de vital importância para empresas e trabalhadores em todo o país que lutaram para recuperar as perdas desse valioso setor”, acrescentou.

A indústria de viagens entrou em conflito com as administrações tanto de Biden quanto de Trump durante a pandemia por causa das regras destinadas a conter a propagação do vírus, incluindo uma proibição estrita da maioria dos visitantes estrangeiros nos EUA, que acabou sendo suspensa em novembro de 2021. Outros países, incluindo o Reino Unido, já haviam abandonado as regras de teste de covid-19 para a entrada no país.


Aeroporto Hartsfield-Jackson, nos EUA (Chad Davis/Wikimedia Commons)

O que especialistas da área da saúde pensam sobre a mudança?

Especialistas em saúde alertam que os riscos relacionados ao coronavírus permanecem. O número de novos casos, hospitalizações e mortes aumentaram nos Estados Unidos na semana passada, embora permaneçam muito abaixo do pico da variante ômicron no início deste ano.

Médicos e cientistas não ficaram surpresos ao ver as autoridades abandonarem a regra, embora alguns tenham dito que desejavam que os Estados Unidos estivessem tomando mais precauções de saúde pública.

Brian C. Castrucci, presidente e executivo-chefe da Beaumont Foundation, uma instituição de caridade de saúde pública, disse ao jornal Washington Post que a exigência de testes era “como tapar um buraco no coador — a água ainda sai”. “Se continuarmos a adotar uma estratégia abrangente de prevenção e mitigação, abandonar o requisito faz sentido”, concluiu.

Gigi Gronvall, pesquisadora sênior do Johns Hopkins Center for Health Security, disse em um e-mail ao jornal que era “inevitável” que a exigência fosse suspensa porque muitos outros países abandonaram suas próprias regras. Segundo ela, fazer um teste era “pesado e caro” e os Estados Unidos já têm muitas pessoas infectadas dentro de suas fronteiras.

Robert Quigley, diretor médico global da empresa de saúde e segurança em viagens International SOS, porém, alertou os viajantes a não baixarem a guarda. “É importante observar que, embora esse requisito esteja suspenso agora, o CDC está monitorando de perto um aumento nos casos e pode ser retomado a qualquer momento”, disse. “Portanto, é prudente que os viajantes façam sua parte e ainda realizem o teste quando indicado e evitem viajar enquanto estiverem doentes”, alertou.

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