O Massachusetts Institute of Technology (MIT) anunciou no último mês que vai voltar a exigir que os candidatos façam o SAT ou o ACT como parte do processo de admissão na universidade. A medida reverte uma política instaurada no período mais restritivo da pandemia de covid-19, que tornava os testes padronizados opcionais.

“Nossa pesquisa mostra que testes padronizados nos ajudam a avaliar melhor a preparação acadêmica de todos os candidatos e também nos ajudam a identificar estudantes desfavorecidos socioeconomicamente, que não têm acesso a cursos avançados ou outras oportunidades de enriquecimento, que de outra forma demonstrariam sua prontidão para o MIT”, escreveu Stu Schmill, reitor de admissões do MIT,  em um post no site da instituição.

“Acreditamos que a obrigatoriedade é mais justa e transparente do que uma política de teste opcional”, explicou Schmill. O requisito se aplica àqueles que desejam ingressar no Instituto de Tecnologia de Massachusetts em 2023.

Centro Stata, no MIT (Timothy Kassis/Unslpash)

Como ocorreu a suspensão do SAT e do ACT?

A decisão ocorre depois que várias universidades de elite, incluindo o MIT, eliminaram os requisitos relacionados aos “ENEMs americanos” em 2020 e 2021, devido às restrições causadas pela pandemia. Todas as universidades da Ivy League e da Universidade da Califórnia estavam entre as mais de 1.800 instituições que suspenderam a obrigatoriedade para estudantes que ingressaram no outono de 2022, segundo o grupo sem fins lucrativos National Center for Fair & Open Testing, ou FairTest.

Os testes SAT e ACT têm sido criticados há muito tempo por supostamente serem prejudiciais a estudantes de famílias pobres, negros e hispânicos. A dificuldade dos testes significa que aqueles com mais recursos podem se dar ao luxo de fazer cursos preparatórios caros — ou até mesmo trapacear.

Bob Schaeffer, diretor-executivo da FairTest, disse em um comunicado em dezembro que a política de teste opcional provou sua eficácia. “As escolas que não exigiam o envio de notas de testes padronizadas para a admissão no outono de 2021 — os atuais alunos do primeiro ano — geralmente receberam mais candidatos, candidatos mais qualificados academicamente e grupos mais diversificados de candidatos”, apontou. “Com resultados tão positivos, não há razão racional para restaurar os requisitos”.

Os defensores do teste opcional alegam que essas medidas temporárias deveriam se tornar permanentes mesmo depois que a ameaça da covid-19 diminuir. A decisão do MIT, no entanto, contraria essa tendência crescente contra o formato atual dos testes padronizados.

A College Board (organização responsável pelo SAT), por exemplo, também tentou tornar a prova mais prática de outras maneiras. A organização disse em janeiro que está acabando com os exames de lápis e papel e será totalmente digital em testes futuros, começando em 2024 nos EUA e 2023 em outros países. Os alunos farão o teste nos centros de testes, e o tempo para fazer a prova será reduzido de três horas para duas horas. 

A organização disse ainda que permitirá mais tempo por pergunta, e as passagens de leitura vão “refletir uma gama mais ampla de tópicos que representam as obras que os alunos leem na faculdade”. As calculadoras serão permitidas durante a seção de matemática do SAT, e os resultados dos testes estarão disponíveis para os alunos mais rapidamente.

MIT diz que os testes são uma ferramenta útil

No post publicado no dia 28 de março, Schmill escreveu que o MIT estava trazendo de volta os requisitos de teste porque a disponibilidade de vacinas reduziu os riscos de reuniões pessoais.

Além disso, Schmill rejeitou o argumento de que os testes prejudicam a diversidade. Ele justificou que os ENEMs americanos ajudam o MIT a identificar “alunos acadêmica e socioeconomicamente desfavorecidos” que são “prejudicados por desigualdades educacionais”. “A remoção da exigência de teste não remove realmente a desigualdade na educação”, escreveu.

Schmill também argumentou que uma pesquisa do MIT mostrou que os testes padronizados ajudam a prever com precisão o sucesso dos alunos na instituição, particularmente em matemática. Ele observou que isso pode ser porque a universidade exige que os alunos tenham aulas baseadas em cálculo.

“A substância e o ritmo desses cursos são muito exigentes e culminam em longos e desafiadores exames finais que os alunos devem passar⁠ para prosseguir com sua educação”, escreveu.⁠ “Em outras palavras, não há caminho pelo MIT que não se apoia em uma base rigorosa em matemática, e precisamos ter certeza de que nossos alunos estão prontos para isso assim que chegarem⁠”.

Schmill disse que o SAT e o ACT são uma ferramenta única entre muitos fatores no processo de admissão do instituto. Ele reconheceu que os testes podem ser uma fonte de estresse, mas afirmou que a aceitação no MIT não é uma medida de dignidade como pessoa. “Significa apenas que estamos confiantes de que você, neste momento específico de sua trajetória educacional, pode se sair bem no tipo de testes difíceis de matemática e ciências exigidos por nossa educação incomum”, prosseguiu.

Os dados do MIT sobre a classe que se formará em 2025 mostram patamares altos para admissão: o 25.º percentual de alunos admitidos marcou 780 de 800 na seção de matemática do SAT e 35 de 36 na seção de matemática do ACT. Entre a turma de 2025, cerca de 41% dos alunos são asiático-americanos, 37% são brancos, 14% são hispânicos/latinos e 13% são negros/afro-americanos.

Como a decisão afeta os estudantes internacionais?

Para Tiffany Blessing, ex-diretora assistente de admissões no MIT, a decisão da universidade não afetará a maioria dos alunos que já planejavam se inscrever. “Em geral”, disse ela, “os alunos planejam fazer testes padronizados e usar o test-optional quando as pontuações não saírem do jeito que eles pretendiam”.

Blessing disse também que a decisão vai ajudar os estudantes internacionais a mostrar que estão confortáveis ​​com um teste em inglês e um estilo americano de avaliação. “Isso ajuda uma faculdade ou universidade a entender o quão forte um 'A' pode ser em uma situação em que quase todos no grupo de candidatos têm 'As'”.

Algumas instituições se tornaram totalmente test-blind

É o caso da Universidade Politécnica de Worcester, por exemplo. Desde março de 2021, a universidade revisou suas políticas e deixou de lado as notas do ACT/SAT para aprovação dos alunos. E ela não está sozinha nesse estilo de admissão. Conheça aqui algumas outras universidades que abandonaram definitivamente o SAT e o ACT e saiba as vantagens e desvantagens dessa forma de seleção.