A Alemanha atrai muitos estudantes internacionais todos os anos com sua reputação de educação de alta qualidade e baixos custos das universidades públicas. Mas se você pensa em estudar na Alemanha, há algumas coisas que você deve saber primeiro. Por isso, aqui tiramos as principais dúvidas de quem quer ir para lá!

O que é necessário para estudar na Alemanha?

Atualmente, mais de 400 mil alunos internacionais estudam na Alemanha. Desse total, 35% estão lá em busca de um diploma universitário. Para fazer parte desse grupo é preciso seguir alguns passos:

1. Encontrar a universidade ideal para você

A Alemanha é o lar de grandes universidades. Dentre as 10 melhores universidades alemãs, três estão na lista do QS World University Rankings 2022 das 100 principais instituições de ensino superior do mundo

Com tantas opções de qualidade é preciso pesquisar bastante qual delas é a melhor escolha para você. Alguns dos critérios que podem ser levados em conta são a localização, preço da tarifa de matrícula, idioma dos cursos e, claro, a qualidade da instituição na área que você escolheu.

A Universidade Técnica de Munique, por exemplo, é a mais renomada do país. Ela é a melhor escolha para quem quer fazer cursos nas áreas de Engenharia, Ciências Naturais e Informática. Porém, se você gosta mais das Ciências Humanas, a Universidade Humboldt de Berlim e a Universidade Livre de Berlim podem ser as melhores opções.

A Universidade Técnica de Munique é um dos melhores lugares para estudar na Alemanha (foto: Mattes /Wikimedia Commons)

2. Cumprir os requisitos de formação

Para ir estudar na Alemanha, você precisa ter certeza de que cumpre os requisitos para se matricular em uma universidade local. Por lá, os brasileiros que têm apenas o Diploma do Ensino Médio não podem aplicar diretamente para as universidades.

Antes de se inscrever em uma das instituições alemãs os brasileiros precisam fazer um curso preparatório chamado “Studienkolleg”. Essa fase de estudos dura um ano e pode ser feita em escolas estatais pagando apenas o valor da matrícula, que varia entre 100 e 400 euros.

Ao fim do curso você terá que fazer uma prova, a “Feststellungsprüfung” (FSP). Ela avalia se você pode aplicar para as universidades alemãs e é obrigatória para todos os alunos vindos de países cujos diplomas de Ensino Médio não são aceitos, como no caso do Brasil, da Argentina e dos EUA.

Porém, existem duas maneiras de ser dispensado da FSP e do “Studienkolleg”. A mais fácil é completar um ano de ensino superior em uma universidade brasileira. Dessa forma você poderá aplicar diretamente para uma universidade alemã. Outra alternativa é ter um diploma do International Baccalaureate, visto como uma qualificação suficiente para ingressar no ensino universitário alemão.

3. Fazer a sua inscrição

Uma vez que você tenha a formação mínima para ingressar em uma universidade alemã, é hora de reunir os documentos exigidos para os cursos e fazer a sua inscrição. Para isso, basta fazer o seu cadastro online na plataforma apropriada.

Muitas universidades da Alemanha utilizam o sistema de aplicação UniAssist, porém o uso dessa plataforma não é obrigatório e algumas universidades possuem sistemas próprios. De toda forma, é necessário preencher um formulário online e enviar sua documentação que inclui:

É importante lembrar que os documentos que são originalmente em português devem ser traduzidos de forma juramentada para o alemão. Além disso, é importante conferir os critérios no seu curso para ter certeza de que você está enviando todos os documentos necessários.

4. Preparar sua documentação para se mudar para a Alemanha

Assim que você receber sua carta de aceite em uma universidade alemã é hora de se preparar para ir morar por lá. Para conseguir estudar no país você precisa comprovar que tem condições financeiras para se manter na Alemanha por um ano, seguro de saúde e visto de estudante.

É possível conseguir um seguro saúde tanto público quanto privado, mas ele deve ser solicitado separadamente e não é gratuito. Sem o seguro não é possível se matricular na universidade nem mesmo solicitar o seu visto de estudante. 

Além disso, você também vai precisar encaminhar outros documentos para a sua universidade para efetivar sua matrícula. O primeiro passo é responder que aceita a vaga, caso contrário você perde seu direito a ela. Depois basta enviar os documentos requeridos e pagar a sua taxa de matrícula.

Hamburgo (Foto: Julia Solonina)

É difícil conseguir um visto para a Alemanha?

A menos que você tenha um passaporte da União Europeia, espere gastar um bom tempo lidando com o “Ausländerbehörde” (escritório de estrangeiros). O pedido de visto para quem é aprovado nas universidades locais geralmente consiste em um processo tranquilo e, se você concluir o seu curso no país, será elegível para uma extensão de até 18 meses para permanecer por lá e procurar emprego.

Ainda assim, se prepare para obstáculos inesperados e entenda que você será responsável por reunir todos os documentos solicitados; obter o seguro de saúde local; demonstrar independência financeira; encontrar um apartamento; registrar-se no Bürgeramt (escritório administrativo local) e agendar uma consulta de visto ainda no Brasil.

Na Alemanha todos os processos burocráticos envolvem muitas e muitas impressões de papéis e cópias. Você precisará se familiarizar com as convenções das cartas comerciais e manter cópias de tudo.

Então seja perfeitamente organizado(a) com o armazenamento desses documentos e papéis. Pode não parecer a princípio, mas isso poderá facilitar sua vida na hora de resolver problemas com o aluguel do seu apartamento ou de resolver questões relacionadas ao seu visto no país.

Quanto custa estudar na Alemanha?

A Alemanha é um dos melhores países se você quer estudar fora sem pagar nada ou gastando muito pouco. Isso porque a grande maioria das universidades públicas alemãs não cobram taxas de seus alunos pelos cursos oferecidos.

Essa política vale para todas as pessoas, incluindo estudantes internacionais nos cursos de graduação e doutorado (PhD). Nesses níveis de ensino os alunos precisam apenas pagar um valor semestral pela matrícula, que gira em torno de 250 € e, em alguns casos, o passe de transporte que custa 500 € e vale por seis meses.

Já para mestrandos existem duas situações. Alguns cursos oferecidos na Alemanha são chamados de mestrados continuados, eles são vistos como um complemento à sua graduação. Nesses tipos de programa os cursos são gratuitos.

Porém, mestrados feitos muito tempo após a sua formatura no bacharelado ou pessoas que fizeram graduação fora da Alemanha costumam ter que pagar para estudar. Nas universidades públicas os valores podem variar de 2 mil a mais de 20 mil euros.

Já as universidades particulares cobram tarifas em todos os seus cursos. Nesses casos as taxas são cobradas anualmente e giram em torno de 20 mil euros para programas de graduação. Nos cursos de mestrado e doutorado as cobranças são maiores, girando em torno de 30 mil euros.

Felizmente, na Alemanha existem muitas bolsas disponíveis para estrangeiros, independente da área de estudo. O DAAD, o Serviço de Intercâmbio Acadêmico da Alemanha, é apoiado pelo estado e oferece a maior variedade de bolsas de estudos para estudantes internacionais.

E esse é só um dos exemplos, já que existem muitas outras fundações dedicadas à distribuição de bolsas. A grande vantagem dessas bolsas é que elas podem ser usadas para financiar as suas despesas do dia a dia no país. Na maioria das vezes o critério utilizado para a distribuição desses auxílios é o desempenho acadêmico dos candidatos.

Berlim (Foto: Stefan Widua)

É preciso falar alemão para estudar na Alemanha?

Claro, nas grandes cidades alemãs você pode se virar com o inglês, mesmo sem conhecer o idioma nativo. Além disso, alguns programas de graduação e pós-graduação estão disponíveis neste idioma.

A oferta de cursos em inglês nas universidades alemãs está crescendo a cada ano. Ainda assim, principalmente na graduação, a maioria dos cursos são ministrados em alemão. Então é necessário comprovar proficiência mínima no idioma para participar das aulas.

Também é preciso considerar que, essencialmente, todos os aspectos da sua vida no país serão mais fáceis se você tiver habilidades com o alemão, desde lidar com funcionários do governo até fazer amigos locais. Já se você decidir permanecer no país para encontrar emprego, a fluência no idioma local lhe dará uma vantagem crucial no mercado de trabalho.

E, ao contrário do senso comum, o alemão é uma língua relativamente fácil de aprender, principalmente se você já tiver fluência no inglês. Existem até maneiras de fazer isso sem gastar nada, como no site do Deutsche Welle, que te permite estudar sozinho(a) do básico ao intermediário.

 

Como é estudar na Alemanha?

Na Alemanha, você dificilmente terá alguém na universidade responsável por cuidar de você e te ajudar durante o seu percurso acadêmico. Você será o único responsável por gerir seus horários, aulas e sessões de estudos.

O modelo de avaliação nas faculdades também varia muito, ainda que seja dentro de um mesmo curso. Você pode, por exemplo, ter uma matéria que funciona de forma mais interativa, considerando a sua participação durante as aulas e atividades de casa; mas também poderá ter disciplinas que irão te dar uma nota baseando-se apenas em uma única prova ou trabalho final.

Algumas grandes universidades alemãs contam com moradias oficiais para estudantes, mas provavelmente essas opções não serão as mais atraentes e nem a melhor chance de ter uma vida social agitada.

Uma boa alternativa é viver em um Wohngemeinschaft (WG). Esses lugares abrigam uma grande comunidade de estudantes internacionais e alemães em uma moradia compartilhada. Nela, cada estudante tem seu próprio quarto individual, mas divide as demais dependências.

Viver em um WG maior com vários alemães é uma estratégia fantástica para conhecer os locais e expandir seu círculo de amigos, sem mencionar suas habilidades no idioma. Mas como a procura é muito grande, pode ser que você demore um pouco até achar uma vaga. Você pode começar buscando nesses sites online: wg-gesucht, dreamflat e housing anywhere.

Munique (Foto: Tavis Beck)

É possível trabalhar e estudar na Alemanha?

Se você for para a Alemanha com um visto de estudante, será possível trabalhar, mas com limites. Para estudantes sem passaporte da União Europeia (como os brasileiros sem dupla cidadania), são permitidos 120 dias completos de trabalho ou 240 dias em meio período.

Durante o semestre, os alunos podem trabalhar apenas 20 horas por semana. No entanto, em comparação com as principais cidades dos EUA e do Reino Unido, por exemplo, os custos com aluguel, alimentação, saúde e transporte público são geralmente mais baratos.

E, se por acaso você for brasileiro, mas tiver dupla cidadania europeia, poderá ser elegível para o BAföG, uma ajuda (metade empréstimo e metade subsídio) do estado que é geralmente isenta de juros. Este financiamento também pode ser estendido para cidadãos de fora da União Europeia, mas apenas em casos extraordinários.

E claro: nunca tente trabalhar burlando as regras e limites de horários estabelecidos. Se você fizer isso, estará correndo sérios riscos de ser banido do país.

Como encontrar as melhores oportunidades na Alemanha?

Estudar na Alemanha é uma oportunidade incrível que pode abrir muitas portas para a sua vida profissional. Afinal de contas, o país é a maior economia da Europa. Mas, para conquistar a sua vaga por lá é preciso ter três coisas: dedicação, estratégia e conhecimento.

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*Este texto foi escrito por Rafael Cerqueira (2020) e Ana Resende Quadros (2022)


Ana Resende Quadros
AUTOR

Ana é jornalista, mestra e doutoranda em Comunicação. Sua paixão é levar informação e conhecimento para todos e, assim, contribuir para a ampliação da cidadania.