Universidade de Buenos Aires: a melhor da América Latina

Já pensou estudar em uma das 100 melhores universidades do mundo, não pagar absolutamente nada por isso e ingressar sem fazer nenhum tipo de prova? Falando assim, parece que essa universidade não existe, né? Mas é exatamente assim que funciona a Universidade de Buenos Aires, a UBA. Ficou interessado(a)? Então relaxa e leia este texto, porque hoje nós vamos te contar tudo sobre essa instituição de excelência e o que você precisa para estudar por lá!

Por dentro da Universidade de Buenos Aires

A Universidade de Buenos Aires é, desde 2019, a melhor universidade da América Latina, ocupando o lugar que foi, por muitos anos, da Universidade de São Paulo (USP). Segundo a classificação do QS World University Ranking 2022, a UBA é a 69.ª melhor instituição de ensino superior de todo o planeta, superando nomes de peso, como a Universidade Sorbonne, na França, que tem renome internacional.

Para chegar na posição que ocupa hoje, a Universidade de Buenos Aires percorreu uma longa estrada. A história da UBA começou em 1821 quando várias escolas profissionalizantes que existiam desde a época colonial se fundiram em uma única instituição. Parece muito tempo, mas a primeira universidade da Argentina, a Universidade Nacional de Córdoba (que está entre as mil melhores do mundo) foi inaugurada cerca de 200 anos antes, ainda no século XVII.

Apesar de não levar o título “Nacional” no nome, a UBA é uma universidade pública nacional desde 1881. Pouco tempo depois de sua nacionalização, a universidade também recebeu o controle do Hospital de Clínicas, convertido em Hospital Escola. Em 1886, o Estatuto Universitário estabeleceu algumas das universidades que existem até hoje, como a de Medicina e a de Direito.

Prédio da Faculdade de Medicina da UBA (foto: Roberto Fiadone/Wikimedia Commons)

É da faculdade de Direito que vem o primeiro prêmio Nobel recebido por alguém ligado à Universidade de Buenos Aires. Em 1936, o professor da faculdade, Carlos Saavedra Lamas, recebeu o prêmio Nobel da Paz. Mas ele não foi o único membro da comunidade acadêmica da UBA a receber o prêmio. A Faculdade de Medicina recebeu o prêmio três vezes: em 1947, o professor Bernardo Houssay levou o Nobel de Fisiologia, em 1970 foi a vez do professor Luis Federico Leloir ganhar o prêmio na área de Química e em 1984 César Milstein ganhou o de Medicina. O único ex-aluno a ser premiado foi Adolfo Pérez Esquivel, que ganhou o Prêmio Nobel da Paz em 1980.

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Sendo tão premiada, não é de se estranhar que a classificação QS tenha dado 90,2 pontos para a reputação acadêmica da universidade. Esse é o critério que mais determina a classificação de uma universidade, já que equivale a 40% da nota. Mas a UBA também foi bem em outros segmentos, como reputação no mercado de trabalho (93,4 pontos) e proporção entre professores e alunos (78,2 pontos).

Assim como acontece no Brasil, os professores da UBA são selecionados por concursos públicos. Ao todo, são 31.500 docentes que atendem a uma comunidade acadêmica de 320 mil estudantes de graduação e 25 mil estudantes de pós-graduação. Esses números fazem da UBA a maior universidade da Argentina.

Mas se engana quem pensa que a Universidade de Buenos Aires conta apenas com cursos de ensino superior. Na verdade, a UBA também tem 5 instituições de ensino secundário que atendem 5.900 estudantes. Tudo isso faz parte de uma estrutura gigantesca que conta também com:

• 97 cursos de graduação;
• 448 cursos de pós-graduação;
• 6 hospitais;
• 7.000 pesquisadores e 2.500 bolsistas de pesquisa;
• 2.700 projetos de pesquisa;
• 61 institutos de pesquisa;
• 5 programas interdisciplinares.

Toda essa estrutura está espalhada pela cidade de Buenos Aires, capital da Argentina. Algumas faculdades são muito próximas, como a Faculdade de Medicina e a Faculdade de Ciências Econômicas, que ficam na região da Cidade Universitária. Outras são bastante distantes, como a Faculdade de Agronomia, que está a mais ou menos 20 quilômetros das outras faculdades.

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Um dos únicos pontos que pode ser alvo de crítica é a falta de mulheres na administração da universidade. Dos 14 cargos de chefia disponíveis na UBA, apenas um é ocupado por uma mulher. A falta de proporção se repete nos docentes. Menos de 40% do quadro de professores era feminino no último censo. Por outro lado, mais de 60% das pessoas que se formam na UBA são mulheres.

Como faço para estudar na Universidade de Buenos Aires?

Não há dúvidas de que estudar na UBA é uma excelente escolha. Normalmente as melhores universidades do mundo são muito seletivas e tem uma baixa taxa de aceitação, mas na Universidade de Buenos Aires você não precisa se preocupar com provas de seleção. Qualquer um pode ingressar na UBA para fazer uma graduação desde que faça o CBC (Ciclo Básico Comum).

O CBC foi criado em 1985 para dar maior acessibilidade a todos que querem estudar na Universidade de Buenos Aires e também permitir que os alunos tivessem mais certeza do curso que querem fazer. O Ciclo Básico Comum é composto de seis matérias obrigatórias. Duas delas são comuns a todos os cursos: “Sociedade e Estado” e “Pensamento Científico”. Além disso, existem duas matérias gerais e duas específicas, mais voltadas para o curso escolhido.

No curso de Direito, por exemplo, é preciso fazer, além das disciplinas comuns, “Sociologia”, “Ciência Política”, “Princípio de Direitos Humanos e Direito Constitucional” e “Direito Privado”. Já o curso de Engenharia Civil pede que os alunos tenham cursado no CBC: "Álgebra A”, “Análise Matemática A”, “Física” e “Química”. Ou seja, as matérias variam conforme a área do curso.

Prédio da Faculdade de Engenharia da UBA (foto: Felipe Restrepo Acosta/Wikimedia Commons)

O CBC pode ser realizado em qualquer uma das 23 sedes que a UBA disponibiliza ou por meio do Campus Virtual.  Na plataforma online da universidade é possível se comunicar com os professores durante o dia para tirar as suas dúvidas sobre as matérias. Esse curso inicial dura um ano. A aprovação em todas as disciplinas do CBC garante uma vaga no seu curso escolhido. Mas tudo bem se você não passar de primeira em todas, você tem três anos para completar o ciclo básico.

Para se matricular no CBC é preciso seguir alguns critérios:

• Ter um diploma de Ensino Médio revalidado na Argentina;
• Documento de Identidade argentino ou do país de origem (RG ou Passaporte);
• Ter certificado de espanhol no nível B2 do Quadro Comum Europeu.

Já para entrar na faculdade escolhida você precisa apresentar, além desses documentos, o certificado de conclusão do CBC, obtido quando você passa nas provas finais das disciplinas que você precisa fazer para o seu curso. Além disso, até o momento da matrícula, você precisa ter o visto para estudar na Argentina e o documento de identidade de lá.

Apesar de ser a maneira mais comum de ingresso na UBA, é possível ingressar na Universidade de Buenos Aires de outras formas. Um exemplo é fazer uma graduação no estilo sanduíche. Se você fizer parte de uma universidade parceira ou conseguir autorização da sua universidade, pode se inscrever para passar de um a dois semestres na melhor instituição de ensino superior da América Latina.

Também é possível pedir uma transferência da sua universidade atual para a UBA. O processo de transferência é um pouco diferente do de ingresso desde o início da faculdade. Ainda assim ele é relativamente simples. Basta ter um visto de residência na Argentina e um documento emitido pela universidade de origem e traduzido por um Tradutor Público Nacional que contenha:

• Plano de estudos do curso que você faz atualmente;
• Histórico Escolar com notas;
• Documento que comprove que não há sanções disciplinares (ou o motivo de elas existirem);
• Exame médico e seus resultados;
• Cópia do programa de cada disciplina feita.

E como toda grande universidade, a UBA também oferece a possibilidade de fazer uma pós-graduação lá. Nesse caso é preciso seguir critérios específicos estabelecidos por cada uma das faculdades e cursos. Mas os programas de mestrado e doutorado costumam exigir a revalidação do seu diploma na Argentina antes de ingressar no curso. Outros requisitos comuns são o certificado de proficiência em um idioma estrangeiro (como o inglês), entrevista e apresentação de projeto de pesquisa.

Mas, se você quer fazer um curso curto na Argentina, também pode ser interessante se matricular no Centro de Línguas Estrangeiras da Universidade de Buenos Aires. Lá eles oferecem aulas de inglês do básico ao avançado, cursos de francês e também de espanhol. Existem cursos um pouco mais demorados e intensivos de verão que ficam na faixa dos 5 mil pesos argentinos, ou seja, próximo dos 265 reais.

Quais são os cursos disponíveis na UBA?

A Universidade de Buenos Aires é formada por 13 faculdades. Cada uma delas oferece cursos nos níveis de graduação, mestrado e doutorado, além de cursos de especialização e de aperfeiçoamento profissional, de nível técnico. Com 97 cursos de graduação e mais de 400 programas de pós-graduação é fácil ficar perdido(a) entre as opções. Por isso é interessante saber quais são as principais disciplinas oferecidas na universidade.

Por esse motivo, reunimos aqui os cursos que foram classificados pela QS World University Ranking by Subject. Essa lista avalia 51 disciplinas em cinco grandes áreas de conhecimento. Algumas têm as notas reveladas em várias posições, enquanto outras passam a ser agrupadas por faixas depois de uma determinada classificação. Porém, apenas bons cursos são listados pelo ranking QS. Dos 97 cursos da UBA os que melhor se posicionaram foram:

 

 

Os cursos de graduação da UBA têm durações variadas, partindo de 2 anos e meio até sete anos. Esse período é dividido em ciclos, sendo o primeiro o CBC que varia de acordo com a área escolhida. Mais um detalhe que é importante prestar atenção é o tipo de formação escolhida. Na tabela você deve ter visto que aparecem nomes como “licenciatura” e “professorado”. É que, diferente do que acontece no Brasil, a licenciatura na Argentina não significa poder lecionar para o ensino básico ou superior, essa habilitação é adquirida com o professorado. A licenciatura é como uma graduação convencional, mais próxima ao modelo europeu, como o adotado em Portugal e na Espanha. Ela não chega a ser exatamente como o título de bacharel que damos por aqui, já que também existe essa modalidade por lá, mas são categorias mais próximas.

Brasileiros podem fazer medicina na UBA?

O sonho de muita gente é poder estudar medicina de graça e em um curso de qualidade. O curso de medicina da Universidade de Buenos Aires cumpre esses dois critérios e tem uma vantagem ainda maior: permite entrada sem passar por um vestibular. Como nas outras graduações, qualquer pessoa (seja argentina ou estrangeira) pode se matricular para o CBC e, caso aprovado nos três anos de prazo, pode se inscrever de graça no curso.

No caso da Medicina, o Ciclo Básico Comum inclui estudos de “Biofísica”, “Biologia”, “Química”, “Matemática” e as duas disciplinas  comuns a todos os cursos: “Introdução ao Pensamento Científico” e “Sociedade e Estado”. Depois disso, os alunos passam por três ciclos: biomédico, clínico e rotatório. Nesse último período, conhecido como Internato aqui no Brasil, os alunos têm aulas práticas passando por várias especialidades médicas.

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Apesar de ter diferenças dos cursos brasileiros, fazer medicina na UBA vale a pena. Segundo a classificação por área do QS World University by Subject 2021, o curso de Medicina da Universidade de Buenos Aires é um dos 200 melhores de todo o planeta. Além disso, é a terceira melhor graduação nessa área de toda a América Latina, ficando apenas atrás da Universidade de São Paulo (85.ª colocada) e da Pontifícia Universidade Católica do Chile (135.ª colocada).

O diploma argentino é reconhecido em outros países, como a Espanha, mas, para atuar no Brasil, é preciso fazer o Revalida. Esse exame é exigido para todos os médicos formados no exterior, não só na Argentina. Depois da aprovação na prova (que tem uma parte escrita e outra prática), o candidato deve dar entrada na revalidação real do diploma em uma universidade pública brasileira. O diploma revalidado tem o mesmo valor que o do médico que estudou no Brasil.

Quanto custa estudar na Universidade de Buenos Aires?

Um dos maiores atrativos da UBA é que você pode estudar uma graduação por lá sem pagar nada. Além de pública, ela é gratuita para alunos argentinos e estrangeiros. Porém, isso só vale para quem quer fazer um curso do nível de graduação. Os demais níveis oferecidos, como mestrado e doutorado,  cobram taxas divididas em três momentos:

1. No ato de inscrição,
2. Quando se recebe a carta de aceite;
3. Na matrícula de cada semestre.

A maioria dos cursos da UBA disponibiliza no site os valores cobrados para se fazer mestrado ou doutorado, porém, em alguns casos, para saber as taxas aplicadas é preciso entrar em contato com a secretaria por e-mail. Veja alguns exemplos de valores totais cobrados:

 

Como foi possível perceber, essas taxas não são tão elevadas quanto as encontradas nas faculdades do nível da Universidade de Buenos Aires ao redor do mundo, ainda que possam ser altas dependendo do curso escolhido. Infelizmente, não é tão fácil encontrar bolsas para brasileiros diretamente na UBA (embora existam bolsas para pesquisadores e estudantes internacionais), então é importante reservar o dinheiro necessário para fazer o curso.  Outra opção é fazer uma pós-graduação sanduíche, desse modo você não pagará nada para a UBA, desde que sua universidade seja parceira ou que você consiga uma bolsa junto à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).

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